De: Guilherme Olaio - "O Exemplo de Rui Rio"

Submetido por taf em Domingo, 2007-07-22 17:30

Aqueles que de modo elitista (e sulista) inventaram o "NORTE"; "O POVO DO NORTE"; "AS GENTES DO NORTE"; "AQUELE CLUBE DO NORTE", etc. não param de surpreender. É notável. Se bem me lembro, desde que me conheço (e já lá vão 63) não me recordo de um só Presidente da Câmara da minha cidade ter merecido tantos encómios por parte dos centralistas.

Responsável, não pelos custos (cuidado com BALANCETE) mas ao que parece, pela indiferença colocada na realização dos trabalhos de reinserção urbana da Estação dos Aliados a cargo da Metro do Porto, permitiu, por não ter exigido o "parecer" dum Paisagista, nem tão-pouco considerar, os alertas tantas vezes emitidos aqui na "BAIXA DO PORTO", a aberração urbanística em que se transformou uma das até então mais belas praças deste País. Não creio que (mutatis mutandis) não fosse possível manter a traça daquela Avenida, impedindo que todo aquele granito importado da China fosse ali despejado, com o desagradável impacto visual que infelizmente conhecemos.

O abandono dos Jardins é notório. A recuperação do 24 de Agosto está pendente do resultado dum concurso aberto pela Metro do Porto. No que toca a Fontes, espelhos de água, bebedouros (imagine-se) nem vê-los! Recordam-se do embuste que foi aquela apresentação com a Fonte de Médicis em Paris? Para depois levar-mos com aquele Lava-Pés, imitando o Ganges e transformando-nos em hindus? Com todo o respeito por aquela e outras culturas. São os "Novissímos Príncipes" de que nos falava nos idos de 80 o Professor Adriano Moreira.

Fonte dos Médicis

No dia em que ficamos a saber (ou sentir ?) que "o Porto é uma cidade com o cérebro sequestrado" (Paulo Cunha e Silva – JN -20-07-2007) fala-nos Nuno Rogeiro de "O Exemplo de Rio". (Tanto quanto sei o único Nobel de Medicina Português responsável pela LEUCOTOMIA (LOBOTOMIA) foi o Doutor Egas Moniz, logo não é por aqui que alguém conseguirá ser original e atingirá a notoriedade.) O escrito de Nuno Rogeiro é notável (330 Km ainda são 330 Km), senão repare-se:

"Ao contrário de outros, Rui Rio tem sido mais um homem de acção do que um político de palavras"

ACÇÃO: Energia que se traduz em actos;

ACÇÃO – Parte I

Senão, vejamos:

  • - Saída de um Túnel à Porta de um Museu;
  • - Destruição parcial de Património edificado:
  • - Viaduto do Parque da cidade;
  • - Arranque dos carris p/ circulação dos eléctricos;
  • - Ruas sujas e mal cuidadas;
  • - A Pérgola na Foz qualquer dia vem abaixo(trata-se duma obra em betão armado, junto ao mar, carecendo por isso duma manutenção frequente);
  • - Festivais da Francesinha, das bifanas da Conga, da Patanisca (por falar em Patanisca, lembram-se das "iscas de bacalhau" no Polícia na Ribeira?) e outros eventos que em nadam abonam o carácter cosmopolita que se pretende e se deseja ver imprimido na minha cidade;
  • - Ausência dum Projecto de Futuro não apenas para a cidade mas para toda a área metropolitana;

ACÇÃO – Parte II

O notável projecto que foi a realização da 1ª Fase do Metro foi um duro golpe nas teses dos centralistas. Pela 1ª vez um grande projecto gerido fora da tutela do CENTRALISMO tinha sido um sucesso. Este Governo que passa a vida a mostrar-nos os dentes, perante tais factos não teve dúvidas. Há que capturar uma tal empreitada. Não é que aqueles gajos do “Norte”, alguns com sintomas de ambição autonómica, tinham levado adiante uma obra desta envergadura quando nós ainda não acabamos, o Túnel do Terreiro do Paço! Não há melhor exemplo para enaltecer as qualidades de agir de Rui Rio. Umas semanas de blá-blá, faz de conta, agora é que vai ser, assim não dá, vem cá p’ra semana e levas o Metro! É disto que um CENTRALISTA que se preze gosta de apreciar. Esta Acção. Contudo, ainda é possível remediar a situação. Levem-nos o Doutor Rui Rio e devolvam-nos a gestão do Metro, faríamos assim um “PORTO FELIZ”.

Para terminar permiti que vos chame a atenção para este naco de prosa. Tem tudo a ver com aquilo que deve ser o Presidente da Câmara da minha cidade, um Presidente que se una ao Porto e que Nuno Rogeiro retrata assim:

“É um pacto importante, pelo qual se mantêm no Porto projectos de desenvolvimento, modernização, infra-estruturas, salubridade, combate à pobreza, internacionalização”

Dramático! Só não chora quem não tem coração! É de rir até às lágrimas e só me ocorre no meio de tanta emoção recordar o título dum poema sobre o Porto e que diz: “ESTA CIDADE! ESTA JÁ FOI A MINHA CIDADE!”

20-07-2007
(Guilherme de Sousa Olaio)