De: David Afonso - "Worldmayor, cidades históricas e dissonâncias cognitivas"

Submetido por taf em Quinta, 2007-07-19 00:04

1. Aos poucos, os partidos e os políticos profissionais começam a tomar posições para as próximas autárquicas. Ainda coisa pouca, quase imperceptível para o simples eleitor. Os aparelhos até podem ter digestões pesadas, mas o rumor das lutas intestinais é, por enquanto, discreto. O cidadão aguarda nomes, cabecilhas e elites sebastiânicas. Há sempre um ou outro nome mágico, de boas famílias e de manifesta generosidade cívica cuja providencial intervenção promete pôr um ponto final nesta nossa triste história. É claro que ano após ano vamo-nos descontentando com uma espécie de filhos segundos da política nacional. Para quem é, basta. A cidade dá guinadas mas não vira. Enquanto não entramos na fase do folclore, podemos ir pensando no perfil do presidente ideal para o município, isto é, pensarmos não tanto em quem mas em que tipo de administrador político gostaríamos de ver à frente dos destinos da cidade. Como por cá não temos tantos bons exemplos quanto isso, recomendo que se dê uma olhadela a este site: World Mayor. Aqui poderão encontrar informação sobre a gestão de cidades de todo o mundo. A ver se nos inspiramos. Associada a este site aparece a iniciativa City Mayors que tem por objectivo eleger o mayor do ano. Não sei como, mas o Mr. Rui Rio esteve entre os finalistas europeus de 2006 (hummm... isto faz lembrar aquela história das 7 maravilhas...). Apesar de tudo parece-me que ninguém dará o seu tempo por perdido, até porque abundam os bons exemplos como Walter Veltroni (um mayor que vê a cultura como um sector estratégico).

2. Também encontrei a World Historical Cities: The league of historical cities, associação da qual o Porto não faz parte. Aliás, de Portugal apenas consta Lisboa. Estaremos perante mais um sinal de desinteresse no centro histórico? Como já nem se comemora o Porto Património da Humanidade... Em todo o caso, a autarquia ainda vai a tempo de emendar a mão e de participar na 11ª Conferência Mundial de Cidades Históricas a ter lugar em Konya (Turquia) já no próximo ano.

3. Em definitivo, esta Câmara é um caso claro de dissonância cognitiva: se por uma lado fez (e bem) da reabilitação da Baixa o seu cavalo de batalha, por outro lado, parece fazer tudo para contrariar as suas próprias convicções: o novo negócio do Parque da Cidade, a Cidade Judiciária, a incubadora da ANJE e agora a Avenida (ideal para corridas de automóveis, caso ainda não tenham reparado). Sempre pensei que fazer política era traçar prioridades e actuar de acordo com essa escolha.

David Afonso
attalaia@gmail.com