De: Rui Encarnação - "O Milagre do Rivoli"

Submetido por taf em Quinta, 2007-04-19 11:10

A situação descrita no Público e JN é bem mais grave do que surge nas notícias. A CM Porto afirma, agora, em Abril e quando faltam poucos dias para o início da concessão a La Féria, que, afinal, nunca quis conceder a exploração do Rivoli a privados mas, sim, torná-lo num espaço livre e desocupado.

A CM Porto NÃO DIZ QUE, por causa das providências cautelares, DECIDIU ADIAR A DECISÃO E A CONCESSÃO. O que diz é que NUNCA QUIS CONCEDER A EXPLORAÇÃO DO RIVOLI. NEM AO LA FERIA NEM A NINGUÉM. OU SEJA: FEZ-SE UM ANÚNCIO DE UMA CONSULTA PÚBLICA, RECOLHERAM-SE PROPOSTAS, NOMEARAM-SE COMISSÕES, PEDIRAM-SE ESTUDOS, GEROU-SE CONTESTAÇÃO E DECIDIU-SE UM CONCURSO/CONSULTA QUE, NO FIM DE CONTAS, A CMPORTO NUNCA QUIS FAZER, NEM CUMPRIR.

Depois, a CMPorto tomou uma deliberação de conceder a exploração do Rivoli a La Féria que, pelos vistos, nunca quis tomar e, por causa dela, deliberou extinguir a Culturporto e, assim, varrer para a rua os trabalhadores.

Só um milagre justifica esta história. Ou então, o Porto inteiro, os mais de 11 mil que assinaram uma petição contra a concessão do Rivoli, os jornais e as televisões, o La Féria e os demais que concorreram à concessão do Rivoli, TIVERAM UMA ALUCINAÇÃO COLECTIVA. Nessa alucinação julgaram que a CMPorto queria concessionar o Rivoli a privados, que publicou as condições da concessão, que recebeu propostas, que escolheu os concorrentes e que, vejam lá, até houve uns indigentes a ocupar o Rivoli.

Se isto acontecesse em Lisboa e se tratasse de diplomas de engenharia, estava o caldo entornado, mas como é cá, nesta, cada vez mais, ordeira, pacata e indiferente urbe, resta-nos uma visita guiada ao Conde Ferreira ou até ao Magalhães Lemos. Ao menos neste ainda se podem ver e ouvir os carrinhos das loucas corridas da Boavista.