De: José M. Varela - "Falta de senso e falta de gosto"

Submetido por taf em Terça, 2007-03-27 22:14

Na sequência do comentário do Manuel Leitão, também não posso deixar de repudiar a forma insultuosa como o senhor arquitecto Pedro Aroso, num momento certamente infeliz, se referiu a alguém que (infelizmente) já não está entre nós para se defender. Para além disso também não posso deixar de notar que a terminologia que utilizou não se enquadram no "livro de estilo" a que nos habituou este blogue.

Claro está que o senhor arquitecto Pedro Aroso terá todo o direito de discordar da orientação das políticas seguidas pelos governos presididos pelo General Vasco Gonçalves. Isso não lhe dá o direito de, à falta de outros argumentos substantivos, recorrer ao puro insulto pessoal. Fica-lhe mal, nomeadamente quando se refere a alguém recentemente falecido. O General Vasco Gonçalves foi uma das personalidades da política portuguesa que mais se empenhou no desenvolvimento social de Portugal. E fê-lo com convicção e sinceridade, sem ter que recorrer às tácticas políticas que actualmente alguns utilizam como a dissimulação, a manipulação e a mentira. As transformações sociais que ocorreram nesta época foram determinantes para conferir a muitos milhares de portugueses a dignidade social, política e até pessoal que durante décads, ou até mesmo séculos, lhes tinha sido negada. Claro que para isso acontecer foi necessário extinguir velhos sistemas de privilégios que se mantinham anacronicamente através da negação dos direitos sociais e políticos básicos à generalidade dos portugueses. Naturalmente que ao protagonizar estas transformações, isto acarretou-lhe o ódio profundo destas famílias.

Das várias realizações dos governos presididos pelo General Vasco Gonçalves gostaria de recordar uma que teve um especial significado para a cidade do Porto: o SAAL, onde se procurou, através da articulação entre arquitectos, autarquias e associações de moradores, resolver algumas das carências habitacionais que atingiam muitos milhares de portuenses. Infelizmente, por motivos mesquinhos da luta político-partidária, o SAAL foi rapidamente boicotado e posteriormente extinto, deixando uma obra inteessante mas incipiente e inacabada. Aliás uma das suas obras mais emblemáticas, o Bairro da Bouça, só após quase 30 anos é que pôde ser concluído. Se este programa tivesse tido condições para se desenvolver, provavelmente alguns dos problemas que actualmente a cidade do Porto enfrenta não se colocariam de forma tão grave. O projecto SAAL, porque cheirava a "gonçalvismo" ficou assim como um exemplo dos resultados do pensamento mesquinho de alguma classe política portuense e/ou portuguesa.

José Manuel Varela