De: Cristina Santos - "Viagens e espaço para social para tanta gente"

Submetido por taf em Quinta, 2007-03-22 18:43

Estava a apreciar a V. discussão sobre transportes e lembrei-me das viagens que o nosso dinheiro faz até retornar às nossas mãos. Quantas paragens as verbas do Norte atravessam até chegar cá, quantos despachos são necessários e quanto custa cada um desses despachos?! Quando cá chegam as verbas vêm diminuídas e quanto maior for a distância a Lisboa maior a diminuição, é uma viagem muito longa. Agora é que o Rui Valente me vai dar uma corrida de naif, mas é à luz desta teoria que se justificam projectos megalómanos e desajustados, só projectos nessa ordem de grandeza podem suportar todos os encargos directos e indirectos que a distância e as muitas mãos envolvidas potenciam. Há que substituir recursos e inventar despesas, para que as verbas possam ser de tal forma avultadas que cheguem para todos os aviltadores, que intervêm nessa longa e pausada viagem que as verbas fazem até chegar cá.

Isto é uma teoria a modos que conspirativa, mas não tão conspirativa como a dos transmontanos que sem comboio e com um expresso que parte às 14 horas do Porto e chega às 18 à Chaves, afirmam que o País está de tal forma desgraçado que o Governo decidiu começar do zero, sem más influencias e por isso está decidido a matar parte significativa de população, quanto mais depressa desaparecerem os que menos ganham e produzem, mais depressa a coisa se equilibra. Mais conspirativa ainda é a teoria de que os ciganos têm limitações inatas, que já nos primórdios os levaram a ser expulsos da Índia pelos deuses humanos e condenados a vaguear pelo mundo, sem descanso nem lar.

O que não é chocante, nem é teoria arcaica, é o facto de Rui Rio na sua incessante luta contra as desigualdades sociais ter-se comprometido com várias famílias ciganas em simultâneo, famílias alargadas, que necessitam de vários T4 ou mais, que em conjunto são várias centenas de pessoas para realojar até ao fim do mandato, em bairros onde já existem outras pessoas com hábitos consolidados e cuja enchente pode deitar por terra tudo o que se tem tentado fazer. O São João de Deus foi demolido por essas razões de ajuntamentos, como fará agora a CMP para evitar cair no mesmo erro, onde raio vai alojar tantas famílias, pelo menos as prioritárias São João de Deus e Bacelo?!

Cristina Santos

Ps. Em relação a ligações ferroviárias há que dizer que os argumentos do Pedro foram convincentes.