De: Cristina Santos - "Rivoli: cultura de «massas» ou cultura local?"

Submetido por taf em Terça, 2006-12-19 23:46

Filipe La Féria trabalha para investidores privados, lança projectos que têm adesão e lucro. No estado em que estão as coisas na cidade, não atraímos muito investimento, e é impossível destacarmo-nos só com a cultura de rede, é preciso incentivar lançamentos do Porto para o exterior e, talvez por isso, foi necessário sacrificar o Rivoli. O Porto precisa de promover espectáculos «universais» que o distingam, produções originais. Os projectos fortes, com marketing, acreditados por investidores, são grandes eventos que atraem público de todos os quadrantes e de todo o lugar.

Mas sacrificar o Rivoli não pode significar o sacrifício da produção cultural local, temos que investir nas companhias do Porto para que daqui a 6 anos não seja necessário ir buscar outro La Féria; nesse entretanto temos que obter qualidade que de preferência seja nascida, apoiada e criada aqui.

As pequenas companhias são como estagiários, têm que ter oportunidade de exercitar o seu trabalho, é fundamental para o futuro de uma expressão cultural, não precisam de público para justificar a sua existência, porque o público virá no futuro, depois de um bom trabalho. Se temos equipamentos, recursos e gente com vontade porque não investir neles para que cresçam e exportem produtos? Há inúmeras vantagens em criar de raiz, veja-se o Fantas.

Agora o que há para definir é se esse investimento local não pode subsistir sem o Rivoli, é preciso perceber quais as alternativas que a CMP dá aos que são directamente visados pela concessão, em que medida isso os afecta. Claro que já sabemos que o corte nos subsídios é uma incongruência, que o processo foi lesivo para a imagem do Porto, mas expliquem concretamente as hipóteses que têm de sobreviver e onde vão passar a criar Cultura. Evitem argumentos de que La Feria não é cultura, que fado também não, ou que a Menina do Mar ou o Principezinho são de outra geração. Informem do que realmente fazem e do esforço que dedicam para criar no Porto grandes companhias, diferentes, sem esse poder, mas que poderão ter mais público que La Féria daqui a uns anos.

Em suma:

  • - O que se perde com a chegada de La Féria ao Rivoli?
  • - Será que as pequenas companhias não podem intervalar os espectáculos do La Féria, porquê?
  • - O espaço não chega para 2 tipos de Cultura?
  • - Que solução encontrou a CMP para aqueles que foram excluídos do Rivoli?
  • - De futuro que recursos dispõe a CMP para apoiar as pequenas companhias sedeadas na cidade?
  • - Com as condições dadas pela CMP será possível criar novas companhias, com novas abordagens e visões, ou ficamos limitados às iniciativas privadas?

Cristina Santos