De: TAF - "À atenção de Pacheco Pereira"

Submetido por taf em Segunda, 2006-12-11 14:11

Pacheco Pereira mais uma vez tenta defender o indefensável, fixando-se no acessório e esquecendo o essencial. Ocasionalmente vê a luz, mas é sol de pouca dura. Valia a pena tentar perceber por que é que está tanta gente contra Rui Rio, umas vezes com razão e outras sem ela. Haverá algum fenómeno estatístico que leve a que tantos jornalistas, e uma percentagem tão grande das "elites" (sem conotação depreciativa), protestem frequentemente contra a acção (ou inacção) da autarquia? Ou a explicação é mais simples: parte grande da culpa é mesmo de Rui Rio?

Algumas pistas.

1) A maneira como Rui Rio trata os munícipes, especialmente os que expressam opinião diferente da dele. Quem já assistiu a alguma sessão pública na Câmara sabe bem o modo pouco menos que boçal como o Presidente trata algumas pessoas, sem a mínima percepção de que todos merecem o mesmo respeito. O comportamento do Presidente da Câmara não pode ser nivelado pelo mínimo que se lhe depara na cidade. Eu não tenho pessoalmente qualquer razão de queixa (sempre foi correcto comigo), mas não posso ficar indiferente perante cenas lamentáveis a que já assisti.

2) Qualquer discordância é supostamente uma manobra política contra o Executivo... Veja-se este exemplo: um grupo de cidadãos, liderado por um prestigiado arquitecto, juntou-se para tentar em tribunal travar a construção de um prédio que viola escandalosamente, e inquestionavelmente, todos os limites estabelecidos para construção numa zona da Foz. Posição da autarquia: "a atitude não tem em vista o interesse da cidade, mas visa apenas combater politicamente a Câmara do Porto". Que fazer perante isto, que está muito longe de ser caso único?

3) Rui Rio foi várias vezes desafiado a tornar públicos todos os processos de licenciamento na autarquia. Ou seja, permitir a qualquer pessoa, mesmo via Internet pois a informação está internamente digitalizada, acesso aos requerimentos e correspondentes despachos, pelo menos àqueles cujo requerente não manifestasse discordância quanto a essa divulgação. Seria uma excelente forma de aumentar a transparência e diminuir as hipóteses de corrupção. Resposta de Rui Rio (posso testemunhar com rigor, pois foi a mim que a deu num debate público): "acesso demasiado fácil à informação pode permitir que ela seja utilizada com fins menos claros por algumas pessoas menos bem intencionadas". Por isso continua tudo na mesma.

4) Quais são os planos concretos de Rui Rio para o Porto? Ninguém sabe. Na infeliz entrevista que Judite de Sousa há dias fez (ou melhor, quase não fez porque praticamente não focou assuntos da cidade - culpa neste caso da jornalista muito mal preparada) nada se disse sobre o assunto.

5) Outro exemplo de "coisas simples" que não funcionam na cidade: por decisão da Câmara a recolha de lixo agora funciona muito pior, especialmente aos fins de semana. Basta passear pela Baixa para ver espectáculos como o fotografado por Carlos Romão e publicado aqui.

Rui Rio isola-se cada vez mais num seu pequeno mundo. Isso é o pior que pode acontecer a um Presidente da Câmara. Uma das suas funções seria precisamente o de congregar interesses, mobilizar a cidade. Assim parece que a divide cada vez mais, que cultiva o gosto por gerar anticorpos. Pelo menos nesta tarefa de "marketing" é inquestionável que está a falhar.

Registo de interesses: eu votei nele no primeiro mandato, no segundo votei Rui Sá. Como é evidente, o meu interesse não é/foi nestas duas pessoas, mas sim na cidade do Porto. :-)