De: Hélder Sousa - "Surpresa das Surpresas"

Submetido por taf em Sexta, 2006-11-03 18:31

Há algumas opiniões que nos surpreendem porque são ou inesperadas, ou originais, ou controversas, ou elaboradas, ou sugestivas, ou porque estão em desacordo com as nossas mas nos fazem pensar sobre outros pontos de vista. Depois há aquelas que não fazem qualquer sentido e que deviam ficar com quem as tem para não estragar o bom nome das pessoas. A opinião que o ilustre F. Rocha Antunes dá sobre o Ministério da Cultura não só é original, excêntrica, despropositada e reaccionária mas tolamente ignorante de toda a história das sociedades contemporâneas e daquilo que se passa no Porto.

Poderíamos pegar num dos parágrafos e substituir algumas palavras simples e teríamos outra opinião idêntica mas, por exemplo, sobre o Ministério da Economia.

A saber:
«Eu nunca percebi para que serve o Ministério da Economia. É seguramente uma limitação minha, porque acho tão estranho existir um Ministério da Economia como acharia estranho se existisse um Ministério do Comércio Justo ou um Ministério da Convivência Pessoal. Mas se há alguma coisa para que devia servir era para ajudar a que fossem convenientemente usados processos de intercâmbio para todos os tipos de expressões colectivas que se dedicassem à importantíssima tarefa de nos fazer perceber a importância de gerir a nossa vida pessoal

(pois é: é tão ridícula esta nova versão como a original!)

Na verdade o ilustre F. Rocha Antunes anda tão longe da realidade que nem sequer se apercebeu que a Cultura não serve para “NOS ENTRETER CONVENIENTEMENTE”. Esta proximidade entre Cultura e entretenimento colectivo é algo que não se vê desde, pelo menos, os tempos da velha senhora!

Está também longe da agenda cultural da cidade, porque apesar de todas as tentativas que têm sido feitas ainda há muitas coisas nesta terra que ultrapassam a esfera do teatro experimental – o Sr. Antunes lá deve saber o que é teatro experimental! – para além do ‘entretenimento’ que nos chega do Brasil.

Mas vá lá: citar Woody Allen (um AUTOR ‘experimental’, no sentido mais abrangente da palavra ‘experiência’, penitencia-o de algumas penas.)

Hélder Sousa – pela última vez neste blogue
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Nota de TAF: Caro Hélder, receio que não tenha compreendido a natureza deste blog. A Baixa do Porto é um espaço público onde escreve qualquer pessoa que assim o deseje, desde que seja sobre o Porto e cumpra regras mínimas de civismo. Aquilo que é colocado online não é filtrado em função da opinião que expressa nem de quem escreve. É o mais democrático, no verdadeiro sentido do termo, que consigo imaginar. Qualquer opinião, em Democracia, é legítima. Tanto a minha, como a sua, como a de FRA. Têm todas lugar aqui. Espero que voltem sempre. Bom fim de semana! :-)