De: Cristina Santos - "Uma nova oposição?"

Submetido por taf em Quinta, 2006-10-26 18:45

Uma maioria governativa não se enquadra no sistema democrático, se é democrático é composto por todos os quadrantes da sociedade. Uma maioria executiva não deixa margem para discussão, é uma imposição de regras e actos, é um bloqueio intransponível para a livre concorrência de propostas e ideias. Em democracia obter maioria é o mesmo ou semelhante a uma ditadura.

O meu texto de ontem era um desafio à oposição, querem o povo do v. lado falem com ele. Oposição não é chegar aqui e dizer Rui Rio é este ou aquele, é pegar num processo direitinho e informar atempadamente do que se passa, o que envolve, quais as consequências, os motivos e depois sim esperar a reacção do povo.

Ex: não apoiar as galerias em Miguel Bombarda o que significa, significa logo à partida menos prédios restaurados, desvalorização da envolvente, menos carisma, então um munícipe sujeita-se a pegar num prédio semi-devoluto, a tentar estender uma cadeia de lojas de arte e a CMP nem os passeios manda limpar? Está a ir contra a sua bandeira de campanha, está a ir contra os comerciantes de Cedofeita, está a ir contra as elites e está a ir contra a recuperação do edificado.

Outra: investimos milhares, chegámos ao ponto de colocar uma lixeira na Cordoaria para sensibilizar o Porto, contrataram-se cantoneiros, nomearam-se fiscais do lixo, só em panfletos devemos ter gasto um balúrdio, esse dinheiro devia ser imediatamente devolvido - foi um esforço em vão, hoje o munícipe está mais ou menos educado e é a CMP que deixa o lixo espalhado pelas ruas.

Hoje queremos limpeza, amanhã espalhamos lixo, hoje queremos galerias amanhã ignoramos a sua existência. Ontem queríamos segurança, aumento de esquadras e efectivos e hoje deixamos que as fechem.

Estes 4 anos não deviam ser para continuar lutas, então o orçamento não estava estabilizado, quer dizer tapa-se o buraco orçamental e continua-se a cortar despesas, afinal não existia um buraco, a coisa foi mal avaliada, o que existia era toda uma rede de serviços implantada em areias movediças.

Isto não é rigor, e perante isto o que nos resta, damos o benefício da dúvida? Será que depois das privatizações Rui Rio vai ter orçamento para gerir a Cidade, será que Rui Rio não precisa da oposição para tontear a balança e servir o povo melhor? Estará Rui Rio ciente do caminho que quer para a Cidade, será que estamos a julgar precipitadamente o governante que tanto empenho devota nas suas lutas?

Será, não será, bem para já há falhas, Rui Rio garantiu que se o deixássemos seguir o seu instinto governativo resolvia os buracos orçamentais no mandato anterior. Estamos no 1º ano da 2ª hipótese e já tivemos que empenhar o orgulho e valor do povo, em prol do equilíbrio das receitas do Rivoli, coisa que não entendo, se pagamos impostos, porque raio há-de o Estado ainda ter lucro com receitas, quantas vezes afinal pagamos o mesmo serviço.

Hum, não sei, vamos aguardando, esperançosos que não aconteça ao Rio o que aconteceu ao Nicolau da Viola, de qualquer forma o problema subsiste até agora com uns ou com outros a música é psicadélica, urge uma nova forma de tocar instrumentos, urge criar uma nova forma de fazer oposição.