De: Rui Valente - "Resposta a Jorge Ricardo Pinto"

Submetido por taf em Terça, 2006-10-24 20:34

Caro Jorge Ricardo Pinto

Esqueça o carácter afirmativo do dois primeiros parágrafos do meu último post a que chama profundo disparate e deixe-me ficar com ele para mim, que não me importo nada. É o meu disparate. Também tenho direito de os dizer, que diabo... Agora, como deve imaginar não vou mudar o meu pensamento em relação ao que penso de Pacheco Pereira, só porque o considera disparatado e excessivo.

Curiosamente, li os seus 12 argumentos sobre Rui Rio e não achei nenhum disparatado ou exagerado, porque correspondem à verdade. Mas deixe-me dizer-lhe que entre a personalidade de Rui Rio e de Pacheco Pereira não vislumbro assim tantas diferenças, a não ser na inteligência.

Pacheco Pereira é um homem de facto inteligente, que se tornou mediático através da política, derivando depois (entre outras derivações) para comentador onde parece sentir-se mais confortável. Só que, pessoalmente e enquanto cidadão eleitor, não entendo a génese da actividade política limitada à participação remunerada em debates televisivos ou radiofónicos onde muito se discute e filosofa mas nada de concreto se resolve. Esse papel (de comentador) devia antes pertencer ao eleitor, que é quem melhor sente o país e menos descomprometido está em termos político-partidários. O papel do político é exercer a política no local apropriado e de preferência sem os holofotes da comunicação social para resolver os imensos problemas do país.Primeiro nos respectivos Ministérios, enquanto Governo, e depois no Parlamento enquanto oposição.

Um político sério, num país como o nosso, atrasado, onde quase tudo ainda está por fazer, não devia sentir-se cómodo perante a opinião pública em participar em fóruns e debates de cujos efeitos só extraímos a vaidade das suas teorias. Nós ansiamos por OBRA! Chega de conversa.

Pacheco Pereira, o da SIC, raramente fala do Porto pela positiva. Raramente gosta de o fazer em público, porque sofre dos complexos centralistas da capital e tem medo que lhe chamem provinciano, como muitos alisboetados cá do burgo. Se canta hosanas ao Porto em Blogues, é porque pensa viver noutro país, com um elevado nível de vida onde cada cidadão é um computador com ligação à Net. Ele sabe que não é assim e por isso se contém de falar bem e com frequência
do Porto na SIC, onde as audiências são efectivamente outras.

E, tal como aqui refere António Alves com a lucidez que lhe é habitual, a "história" da maioria eleitoral outorgada pelas eleições a Rui Rio não corresponde exactamente a uma maioria de pessoas, portanto caro Jorge Pinto, esteja à vontade, pode passar a ver Pacheco Pereira tal como é, um teórico da política bem instalado na vida.

Rui Valente

PS-Que me desculpem os políticos do futuro, aqueles que ainda não puderam dar provas das suas reais intenções, mas é esta a ideia que os políticos do Passado e muitos contemporâneos criaram de si próprios.